A FLOR
Afonso Lopes de Almeida
Que linda flor! – dizeis – porém
reparai bem:
vede que a sábia Natureza
não lhe deu só beleza,
mas fê-la útil também.
Beleza que é só beleza
embora que nada se iguale,
é coisa fútil…
Pois, com franqueza,
ser belo de nada vale,
se não se é útil.
Leis da vida, leis do amor!
Tudo produz, e o produto
novos produtos adiante,
constante, continuamente!
A flor se transforma em fruto,
o fruto faz-se semente,
volta a semente a ser planta,
torna a planta a abrir-se em flor!
Se tudo é útil no mundo,
e produtivo, fecundo,
nós, por nosso próprio bem,
trabalhemos,
estudemos,
sejamos úteis também!
Em: O
mundo da criança, vol. I, Poemas e Rimas, Rio de Janeiro, Editora
Delta, s/d
——–
Afonso Lopes de Almeida (RJ, RJ, 1888 –
RJ, RJ, 1953), poeta, prosador, bacharel em Direito, membro da Academia Carioca
de Letras. Filho da escritora brasileira Julia Lopes de Almeida.
Obras:
A Árvore, 1916
A Neve ao Sol: viagem
lírica pelos cinco continentes
Evangelho da Bondade
e Outros Poemas, 1921
Mãe, 1945
Através da Europa, no
Ano Primeiro da Era, 1923
O Gênio Rebelado,1923
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